Polícia

Motorista de app xinga passageira de ‘Preta nojenta, escrava, verme’ e causa indignação nas redes sociais

A atitude de um motorista de aplicativo de carona causou indignação nas redes sociais e gerou uma queixa na polícia, em Curitiba. Uma passageira, moradora do bairro Boqueirão, divulgou nas redes sociais áudios em que o motorista do app a ofende de diversas formas após ela ter cancelado a corrida por conta da demora dele. Logo após o cancelamento, o motorista teria passado a enviar vários áudios a ela com graves ofensas. A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar os áudios enviados pelo homem.

O motorista conseguiu o telefone da passageira no próprio aplicativo, que mostra o número do celular dos usuários.

Num dos áudios ele diz: “Por que você pede o carro se você não precisa do carro? Sua filha da pu**, preta do cara***. É um verme! Gente como você a gente trata como verme! Não tem nada para fazer? Arruma um trabalho, sua arrombada! Fica fazendo o motorista de trouxa, sua otária!”, começa o motorista.

Na sequência, o motorista ainda ameaça a jovem, dizendo que sabe onde ela mora. “Teu endereço eu sei qual é, tá? Eu sei os dois endereços aqui que você colocou. A gente se cruza aí sua arrombada, preta do inferno! Presta muita atenção, não brinca com motorista não. Qualquer hora dessas você vai tomar uma invertida, guria”, continua o homem.

As ofensas prosseguem. “Está louca da cabeça? Não tem o que fazer não, sua vagabunda? Enfia o dedo no c* e rasga! Sua preta fod*** do cara***. Tua fotinha vai para o grupo dos motoristas aqui, para quando aparecer a tua cara na solicitação a gente bloquear. Sua arrombada! Preta do inferno! Vai arrumar o que fazer, escrava do cara***”, completa o homem.

Indignação

A mulher, que é negra, afirma que pediu um carro no aplicativo, na segunda-feira (10), e diz que chorou muito.

“Minha primeira reação, ao ouvir o primeiro áudio, foi de chorar muito. Mandei para a minha mãe, não consegui ouvir tudo de primeira. Meu coração doía, me sentia injustiçada. O racismo machuca. Cheguei em casa e só consegui deitar e dormir, anestesiada”, disse a estudante de 20 anos.

Pediu desculpas

Logo após o cancelamento, a vítima conta que o motorista ligou para ela, muito nervoso.

“Estava bem alterado, sendo extremamente grosso, perguntando se tinha sido eu que tinha pedido o carro. Eu desliguei na hora, não esquentei. Não quis levar para frente, já que já tinha pedido outro carro”, relata.

“Foi um ato terrível que eu cometi, tenho total consciência que eu vou responder por isso. Vou responder pelos crimes de injúria racial e assédio. Eu não sou assim, foi um momento de estresse, muito alto, que me levou a isso. Quando me dei conta, já tinha feito. Isso nunca me aconteceu, eu volto a dizer”, disse o motorista em áudio enviado para a vítima.

Ele disse ainda que “até já namorou mulheres negras” .

“Não tenho problema nenhum com ninguém diferente de cor, credo, religião, de nada. Eu já tive relacionamentos com negras, ficantes. Falando negras parece um negócio meio pesado, pra mim tudo é mulher. Eu nunca tive um comportamento desse que eu tive com você. Te peço desculpas”, continua num dos áudios.

Caso de polícia

A jovem registrou queixa por injúria racial e ameaça velada contra o motorista de 40 anos.

De acordo com o delegado Cassiano Aufiero, a vítima agiu corretamente. “A vitima no caso agiu corretamente. No momento em que se sentiu ofendida veio rapidamente à delegacia, nos trouxe as mensagens e foi instaurado um inquérito policial. Agora, vamos encaminhar os áudios para a perícia e o rapaz, que já foi identificado, será intimado para prestar esclarecimentos”.

E o delegado completou: “A injúria por si só é crime, mas quando toma cunho racial, homofóbico ou religioso as penas acabam sendo mais graves do que a simples ofensas. As penas podem ser somadas e variam entre um e três anos e meio de prisão”, finalizou.

BB

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