Araucária

Desvio da Petrobras de Araucária pode chegar a R$ 89,5 milhões

Metade desse valor teria engordado os cofres do PT. Detalhes estão na planilha com cerca de 87 contratos que o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco entregou à Justiça

OQJ9UEDE

Pelo menos R$ 85,9 milhões teriam sido desviados de obras da refinaria Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, para pagamento de propina. Metade desse total, ou cerca de R$ 43 milhões, teria servido para engordar os cofres do Partido dos Trabalhadores (PT).

Os detalhes constam da planilha com cerca de 87 contratos que foram alvo de corrupção que o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco entregou à Justiça quando fechou acordo de delação premiada. O documento, que estava sob sigilo, foi divulgado na quinta-feira (5).

Os três contratos da Repar que aparecem na planilha foram fechados entre 2009 e 2010, com os consórcios Skanska/Engevix (formado pelas empresas de mesmo nome), Conpar (Odebrecht, UTC e OAS) e Interpar (Setal, Mendes Júnior e MPE). Eles somam, em valores globais, R$ 5 bilhões.

Organizado, o ex-gerente alimentava periodicamente a tabela relacionando os contratos fechados com a estatal, o porcentual que seria desviado, como o dinheiro seria dividido e o nome dos executivos tratados como “contato” nas empresas.

No caso da Repar, os três contratos teriam tido o mesmo tipo de divisão. Do total, 1% dos recursos iria para o ex-diretor da área de Abastecimento, Paulo Roberto Costa – que em seguida dividia o dinheiro entre ele, o doleiro Alberto Youssef e políticos do Partido Progressista (PP), segundo as investigações.

O outro 1% seria dividido entre o PT. Metade iria para João Vaccari Neto, tesoureiro do partido, e o restante para a “Casa”, em uma referência à diretoria de Serviços da Petrobras, comandada por Renato Duque, que foi indicado ao posto pelo PT, e pelo braço-direito Barusco.

O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou indícios de superfaturamento nos três contratos citados da refinaria paranaense. No caso do consórcio Skanska/Engevix, o sobrepreço foi rejeitado após as empresas apresentarem novos comprovantes. Nos outros dois, o processo ainda está em trâmite.

O documento de Barusco mostra contratos fechados entre 2003 e 2011, compreendendo os dois governos do ex-presidente Lula e o primeiro ano de mandato de Dilma Rousseff. Os acordos, no total, representam R$ 47,1 bilhões e US$ 12,92 bilhões.

Além da Repar, são elencadas outras 23 obras da Petrobras. Entram na lista as refinarias de Abreu e Lima, Paulínia (Replan), o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), além de gasodutos, plataformas e construções ligadas à exploração de pré-sal.

Os relatos de Barusco na delação premiada motivaram a última fase da Operação Lava Jato, batizada de “My way”, deflagrada na quinta-feira. Ele citou nomes e revelou que o PT teria recebido entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em propina pelos contratos relacionados por ele. O dinheiro seria repassado inclusive em doações eleitorais.

Gazeta do Povo

Receba notícias no seu WhatsApp.

Leitores que se cadastrarem no serviço serão incluídos em uma lista de transmissão diária, recebendo no celular as principais notícias do dia.

Aécio Novitski

Idealizador do Site Araucária no Ar, Jornalista (MTB 0009108-PR), Repórter Cinematográfico e Fotógrafico licenciado pelo Sindijor e Fenaj sobre o número 009108 TRT-PR

Leia também

Botão Voltar ao topo

Notamos que você possui um
ad-blocker ativo!

Produzir um conteúdo de qualidade exige recursos.
A publicidade é uma fonte importante de financiamento do nosso conteúdo.
Para continuar navegando, por favor desabilite seu bloqueador de anúncios.